sábado, 7 de julho de 2007

a quem voce chama de ruim? àquele que quer sempre envergonhar

e é exatamente ao som de something, de ressaca física e moral, porque a noite foi de fuder mas eu sempre acabo sendo muito mais escroto do que pretendia, que eu pego um livro na estante, justamente aquele que supostamente não teria nada a me dizer, justamente aquele que eu ganhei de um idiota do meu antigo trabalho num amigo secreto, com ele tentando me passar uma lição de moral, tentando me envergonhar com uma gracinha de menino adolescente que ainda não sabe exatamente como se joga o jogo dos homens...

o titulo do livro: “Napoleão: Como fazer a guerra – Máximas e pensamentos de Napoleão recolhidos por Honoré de Balzac”...

“Quando levaram Luís XVI a julgamento, ele devia simplesmente dizer que segundo as leis sua pessoa era sagrada, e nada mais. Isso não lhe teria salvo a vida, mas ele teria morrido como rei.”
assistam comigo esse filme: os revolucionários franceses em pleno julgamento apresentando todos os motivos mais convincentes para justificar decapitar o rei... e o rei da frança dizendo assim, chorando, assustado, “não me matem, eu não tenho culpa de terem me colocado lá como rei, não fui eu que criei a monarquia, nunca quis ser rei”... e as pessoas que sempre o viram como símbolo de força, austeridade, bravura, ali ao seu redor olhando a cena, totalmente decepcionados com a covardia, com o medo daquele senhor... que perdera completamente seu reinado... agora imagina esse mesmo senhor, nessa mesma situação, calado o tempo inteiro, olhar frio e rígido a mirar os olhos de cada uma daquelas pessoas com toda sua raiva e força... ao ser perguntado se tinha alguma coisa a dizer... “Eu sou Deus na terra. Como vocês ousam me enfrentar?”...

“Um príncipe acusado por seus súditos não lhes deve nenhuma justificativa.”
nunca... as justificativas podem ser dadas caso o príncipe queira... por uma questão de gentileza... e se elas forem pedidas, inicie uma investigação para levantar as razões e interesses por trás do pedido, pois quase sempre existe ali uma tentativa de reverter a polarização do poder... existe ali alguém querendo fazer o que quer e buscando suas razões para que se tornem as razões dele...

“Os que se vingam por princípios são ferozes e implacáveis.”

“Jamais haverá revolução social sem terror.”
como mudar a sociedade atual sem uma grande guerra armada interclasses?

“Aquele que pratica a virtude apenas na esperança de adquirir um grande renome está muito próximo do vício.”
dos aforismos que merecem uma compreensão cuidadosa.. quem tem atitudes louváveis apenas pensando em ser louvado, possui estas atitudes não pelo que elas tem de significado pessoal, de resultado de sua própria história... a balança que utiliza para equilibrar sua bondade é dos outros... naturalmente, pois os outros sempre pensarão por eles mesmos, pois só quem sabe suas razões é você, a balança pende para um lado mais que para o outro... e para equilibrar mais e mais atitudes louváveis pensando em ser louvado são tomadas... cada vez mais... e quanto mais atitudes louváveis, e mais reconhecimento, maior o desequilíbrio da balança, pois maior a distância destas atitudes de um significado pessoal, interno, profundo... e o que falar dos vícios? não seriam eles a tentativa desesperada de quem não agüenta a responsabilidade de ter nas mãos a própria balança?

“O homem só deixa marca na vida ao dominar seu caráter ou ao fazer-se um.”
Para comentar este aqui, eu trouxe Nietzsche, “Deves tornar-te senhor de ti mesmo, senhor também de tuas próprias virtudes. Antes elas eram teus senhores; mas devem ser apenas teus instrumentos junto com outros instrumentos. Deves adquirir poder sobre o teu pró e o teu contra, e aprender a desatá-los e a liga-los de novo, segundo teu objetivo mais alto.(...) é preciso ter poder sobre a própria vida, o que se prova proibindo-se também alguma coisa. (...) ou se é escravo da vida ou senhor dela, o que só consegue quem renuncia aos bens da vida.”

“O homem superior não está no caminho de ninguém.”
Toca Rauuuuulllll: Não sei onde eu to indo só sei que estou no meu caminho...

“O homem superior é impassível: enaltecido ou reprovado, segue sempre.”
Toca Rauuuuulllll:Enquanto vc me critica eu to no meu caminho...

“Um homem sem coragem nem bravura é uma coisa.”
ESPARTA!!!!

“Habituar-se aos fatos mais violentos consome menos o coração que as abstrações: os militares valem mais que os advogados.”
nunca pensei que fosse admirar tanto os militares...

“As pessoas só acreditam no que é agradável acreditar.”
preciso pensar melhor nesta frase... não ousarei me destacar deste plural ‘as pessoas’ antes de refletir muito se todas as minhas crenças são ou não são de alguma forma realmente agradáveis para mim... parece desta maneira, uma verdade bem incomoda esta...

“Só se faz bem o que a gente mesmo faz.”
A velha máxima de paulo freire é magnífica... pois por mais que possa ser óbvio... o óbvio sempre, always, everytime, precisa ser dito...

“Discutir no perigo é apertar a corda em volta do pescoço.”

“Nada se fundou sem a espada.”
Isso me lembra a conversa entre pai e filho no início de Conan, O Bárbaro.

“Um povo só é conduzido quando lhe mostram um futuro: um chefe é mercador de esperança.”
eu acredito nisso...

Moral da história: meses depois, encontrei com o cara no carnaval, esse que me deu o livro... eu estava bêbado, muito bêbado, e nessas horas eu sempre fico muito amável e sorridente e pacífico... sou um cara tranqüilo que não gosta de brigas... sei que entre adultos civilizados as coisas precisam ser resolvidas na base do diálogo e da paciência, é preciso aprender com a diversidade... o cara passou com um abadá do nana banana, era o quinto ou sexto de uma fila de rapazes que buscam uma medalha de honra ao mérito “beijei várias no carnaval”... no auge de minha bebedeira, eu só fiz bater no peito dele com bastante força como quem encontra um velho amigo mas sabe que está machucando com aquela brincadeira, bati no peito dele umas duas três vezes e dei uma puxadinha de leve na camisa do abada... para ele ver quem estava batendo e chamando ele... ele me viu e se assustou, claro, não esperava me ver ali... eu aproximei meu rosto dele encarando ele de forma bastante intimidadora, pois você não precisa saber brigar para dar e tomar uns sopapos, você não precisa ser mestre das artes marciais para derrubar um brutamontes super malhado... a gente aprende isso nos ringues da viril estupidez masculina... o segredo de uma luta está em acionar o botão da raiva... aprender a acionar o botão da raiva... até porque quem sabe ligar aprende justamente porque fica mestre em saber desligar... aproximei meu rosto encarando o cara sem a mínima idéia de que imagem eu poderia naquele momento estar representando... pois a única coisa que eu emanava naquele momento era raiva... com ele ali congelado, parado, assustado, e os colegas dele esperando por ele, assistindo tudo, eu disse: “abre o olho rapaz, presta atenção viu, abre teu olho”... e dei uma risada sarcástica, encarando com a mesma raiva todos os seus amigos, virando de costas e indo embora... depois desse dia ele nunca mais se dirigiu a mim... e deve ter aprendido também que dar um livro a alguém sem o ter lido é sinal de preguiça e vaidade... além de muita burrice... hehehe...

4 comentários:

Tati Reuter disse...

Engraçado, eu imaginei outro fim pro seu texto; algo que fizesse uma analogia mais ao referido trabalho do que ao fato da pessoa que te presenteou. Em todo caso, gosto muito e concordo com a burrice, antes de terminar sua frase, já tinha pensado nisso. Você foi muito mais sutil do que eu imaginava.

Felipe Barreira disse...

Ainda assim foi mal como um rei absolutista. De vez em quando precisamos ser maus, principalmente com sujeitos ignorantes.

Anônimo disse...

Você é muito menos inteligente do que eu pensava. Primeiro, porque não me conhece, segundo porque se dá muita importância ao achar que eu te dei um livro pensando em mensagens subliminares. Pobre coitado... Eu só não tinha o que comprar para um babaca que eu não conheço. Coisas que o trabalho faz a gente fazer.

Ah! Quanto ao comentário de Tati, se for quem estou pensando quem é, só tenho a lamentar... Pois têm pessoas que não conseguem enxergar um palmo a sua frente. Definitivamente, lamentável.

Quanto ao carnaval, eu não saí no Nana (nunca) e o episódio da tapa no peito jamais existiu.

Gustavo Gadelha disse...

ele se pronunciou... confesso que estou lisonjeado... obrigado... continue visitando meu blog... e quanto a supor que estou mentindo... assim é bem melhor... onde ficaria seu amor proprio se admitisse que digo a verdade?... antes que me esqueça: estamos no natal... tempo de paz e amor no coração... meninos malcriados não ganham presente viu...